Como Preparar Mensagens Bíblicas - Estudo Bíblico

Como Preparar Mensagens Bíblicas

Por: Wellington Lucena.


Ore pedindo iluminação do Espírito Santo
Por mais eloquente que seja o pregador, este sempre dependerá do Espírito Santo para realização da tarefa da pregação da Palavra de Deus, tendo em vista, que todo pregador é tão somente um instrumento usado por Deus, “para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós” – 2 Co.4.7. Nesse sentido, o apóstolo Paulo pede aos irmãos da igreja de Éfeso, que orem por ele, “para que (lhe) seja dada, no abrir da (sua) boca, a palavra, com intrepidez, fazer conhecido o mistério do evangelho” – Ef.6.19.
2.       Selecione o texto
Por mais que esta pareça ser uma tarefa fácil, não é. Selecionar um texto para pregar entre a grande quantidade de versículos na Bíblia é tarefas das mais difíceis para o pregador. Primeiro, ao escolher um texto o pregador precisa definir a sua perícope. A palavra perícope é um termo grego que significa “cortar ao redor”, ou seja, o texto escolhido precisa ter sentido e, ser uma unidade com início, meio e fim. Outra dificuldade reside ao fato do texto bíblico escolhido e a ser exposto deva falar primordialmente ao coração do pregador, ou seja, originalmente ele deve ser edificado com o texto e a mensagem a ser proferida. Neste passo da preparação da mensagem algumas armadilhas devem ser evitadas, como, por exemplo, o desejo de pregar “o que eu quero” ou “o que os outros querem”. Ao contrário disso, o pregador deve sempre estar em espírito de submissão ao Senhor da Palavra – Sl.19.14. É preciso estar em silêncio para ouvir a voz de Deus para depois comunicar aos outros – 1 Sm.3.10; Hc.2.1, 3.2.
3.       Leia o texto até compreender
O pregador deve ler o texto diversas vezes a fim de familiarizar-se e compreendê-lo cada vez melhor. É interessante também ler o texto que antecede e o que sucede ao seu texto. Em outras palavras, faça uma leitura extensiva do seu texto para compreender o contexto em que ele está inserido. Chamamos essa tarefa de definir o contexto imediato e o contexto remoto de um texto. Assim, um texto será uma unidade que faz parte de outras unidades mais extensas, por exemplo: quando o autor da Carta aos Hebreus afirma que Jesus sofreu fora da porta (Hb.13. 11-12), embora não esteja explícito no texto, significa que conforme “Levítico 16.27 (contexto remoto) orienta que os corpos dos sacrifícios do Dia da Expiação, até mesmo o couro, a carne e os excrementos deveriam ser levados para o campo e queimados. Esta prática estava associada com outros sacrifícios (Lv. 4.12,21; Êx. 29.14). O autor de Hebreus faz uma analogia  entre os sacrifícios do Dia da Expiação, na antiga aliança, e o sacrifício de Jesus por todos os pecados, na nova aliança, que ele realizou “fora da porta” de Jerusalém”. O sofrimento de Jesus fora do portão da cidade simbolizou a maldição que ele carregou como sendo aquele que levava nosso pecado (Gl.3.13).   Ainda como parte da tarefa de ler e compreender cada vez melhor o texto, o pregador precisa definir o tipo de literatura que foi empregada na composição do texto: narrativa, lei, poesia, história, parábola, hino, etc. Entender a forma literária com a qual o texto foi escrito pode ajudar muito o pregador no seu próximo passo, a interpretação do texto.
4.       Interprete o texto
Chamamos de hermenêutica a arte de interpretação do texto bíblico. O princípio da hermenêutica bíblica é “a Bíblia interpreta a Bíblia”. Em outras palavras, devemos sempre nos submeter à autoridade do Espírito de Deus, que foi o inspirador das Escrituras, pois é Ele o Juiz Supremo sobre qualquer controvérsia e é também ele quem nos garante a segurança de sermos guiados a toda a verdade (At. 15:12-15; Jo. 5:46; I Pe. 1:20-21; Mt. 22:29; Jo. 16:13; At. 28:25). Com intuito de elucidar cada vez mais o texto bíblico devemos lançar mão de algumas ferramentas: um bom dicionário, um livro de introdução dos Testamentos e um bom Comentário Bíblico. Estes vocês podem adquirir com a ajuda e indicação do seu pastor.  Ainda na tarefa de interpretação do texto é preciso saber: Quem é o personagem principal, quem são os coadjuvantes (quem foi Pilatos, quando ele reinou, quais os seus feitos)? Qual é o palco (onde se localiza o evento narrado)? Quem é o seu autor? Em que ano foi escrito? Para quem foi escrito? Onde foi escrito? Sob quais circunstâncias foi escrito (estava preso, de viagem, doente, etc.)? Qual o objetivo da escrita? Estude o texto: o contexto histórico e geo-político. A cada passo que o pregador der rumo à compreensão do texto, mais ganhará confiança para expô-lo (ousadia) - 2 Tm.2.15.
5.       Dê um título a sua mensagem
Por mais estranho que pareça, o título (tema) e a introdução da mensagem são as derradeiras etapas do sermão. Depois de orar pedindo iluminação e passar pela árida tarefa de escolher o texto, investigar e definir sua perícope, é hora de “dar nome ao seu filho” (era assim que dizíamos no seminário). O título precisa propor a ideia principal da mensagem, por isso, também pode ser chamado de proposição.
6.       Divida suas argumentações de forma lógica e progressiva
Por sua vez, a proposição ou o título deve ser comprovado de forma lógica e progressiva através das divisões do texto da mensagem. Geralmente, pastores presbiterianos dividem sua comprovação do texto em três argumentos (sermão de três pontos), mas não force o texto, o pregador deve estar sensível ao texto, de forma que sua mensagem possa ter dois, três, quatro ou até mesmo cinco divisões, se for necessário.
7.       Conclua e Contextualize
A conclusão do texto serve para lembrar aos ouvintes das partes principais da mensagem, isto é, do título e das divisões. Após a lembrança, deve-se contextualizar a mensagem, isto é, aplicá-la a realidade dos seus ouvintes. Lembre-se que a mensagem pode: instruir, animar, exortar, corrigir, repreender, edificar, etc. (2 Tm.3.16-17).
8.       Faça a Introdução  
Como disse, a introdução é uma das últimas partes da mensagem. Em posse de todas as informações e, portanto, com a mensagem praticamente pronta é hora de pensar em algo que sirva de introduzir o assunto a ser explanado na mensagem.  A introdução é de suma importância, porque, geralmente, através dele despertamos e aguçamos a curiosidade dos ouvintes pelo que será exposto. Portanto, a introdução deve ser uma espécie de chamada[1] das notícias do evangelho[2], do que deverá ser explicado na mensagem, sem, contudo, adiantar muito o conteúdo.
9.       Ore encerrando, pedindo que o Espírito Santo aplique a mensagem aos corações dos seus ouvintes
Finalmente, ore a Deus agradecendo-lhe a oportunidade de ser um instrumento para levar as pessoas a Sua Palavra e peça ao Seu Espírito que aplique a mensagem exposta aos seus corações[3].


Referências:

– BEALE, G.K. e CARSON, D.A, Comentário do uso do Antigo Testamento no Novo Testamento, Vida Nova, São Paulo: 2014, p. 1217


[1] Observe como fazem os apresentadores de telejornal antes de chamarem os comerciais, quando eles fazem a chamada da notícia que será apresentado no próximo bloco. Eles dão a notícia, contudo sem detalhar.
[2]  A palavra evangelho – significa boas novas ou novas notícias.
[3] É importante observar que a ordem da preparação da mensagem não é a mesma ordem da exposição da mensagem. Enquanto na preparação, a introdução é a última etapa a ser desenvolvida, na exposição ela é a primeira.

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