Ordenação Feminina - Estudo Bíblico


 ORDENAÇÃO FEMININA

Introdução
A “ordenação feminina” tem sido assunto freqüente nas reuniões do Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil das últimas décadas, prevalecendo, contudo, até o momento unicamente o oficialato masculino. Igrejas históricas sejam reformadas ou pentecostais como: Metodista, Presbiteriana Independente, Luterana, Anglicana, Batista e Assembléia de Deus já aceitaram a ‘ordenação feminina’. As mulheres compõem assim, considerável parte do quadro de lideranças destas denominações. A IPB, portanto, atualmente representa uma das últimas resistências ao movimento de ‘ordenação feminina’ nas igrejas cristãs no Brasil.
Deveria por isso a Igreja Presbiteriana do Brasil ser considerada uma igreja retrógrada, machista, obsoleta e, talvez anti-blíblica, como alguns a acusam?

A Função Feminina em Prol do Reino de Deus na Bíblia

As mulheres sempre tiveram importante papel no reino de Deus. Embora as sociedades antigas tenham reconhecido mui tardiamente o papel da mulher na sociedade, tanto o Antigo quanto o Novo Testamento cedo deram lugar de destaque e valor as mulheres usadas por Deus na História da Redenção. No A.T: Eva (Gn.3.20); Hulda (2 Re.22.12-40) e Déborah (Jz.4.4-16) foram juízas de Israel. No N.T: Salomé Tia de Jesus, Maria esposa de Cleófas, Maria Madalena, Joana (Lc.23.55; 24.1; 10; Jo.19.25); Dorcas (At.9.36-43); Lídia (At.16.14,15,40); Priscila (At.18.26; Febe (Rm.16.1); Trifosa e Trifena (Rm.16.12). O que falar da Mulher Samaritana, a qual Jesus não somente dialogou com ela, mas pediu-lhe água para beber, “sendo ela uma mulher samaritana e ele um homem judeu” – Jo.4.7-9 (grifo meu). Todos estes relatos constituem em si o real valor e deferência das mulheres dados por Deus em Sua Palavra. O apóstolo Paulo falando sobre a filiação em Jesus, que é dada a todos, repara o distanciamento das mulheres em relação aos homens e a discriminação que possivelmente elas sofriam mesmo nas igrejas: “Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus... Dessarte, não pode haver nem judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus” – Gálatas 3.25 e 27 (grifo meu).
Influência Secular
Como tantos outros movimentos seculares influenciaram a Igreja ao longo da história, o Movimento Feminista surgido na Revolução Francesa (1789) e, depois desenvolvido em movimentos da Inglaterra e USA nos séculos XIX e XX acabaram por influenciar a sociedade mundial. O movimento feminista ganhou força maior no ano de 1960, com a liberação sexual e o aperfeiçoamento dos métodos contraceptivos. O cristianismo nesta época que já andava ‘meio secularizado’ pelo iluminismo, o humanismo e o liberalismo teológico, sob muitos aspectos... adotou, espiritualizou, e, por fim, adaptou o movimento feminista transformando-o em “ordenações femininas”. Claro que isso ocorreu paulatinamente: diaconisas... presbíteras... e, finalmente, reverendas.

Influência Pagã
Cremos também que o ‘ministério feminino’ foi fruto do ecumenismo e paganismo. O ecumenismo deu boa parcela de contribuição ao forçar às igrejas a receber pessoas vindas de religiões pagãs. Novos membros chegaram às igrejas, sem nenhum critério para serem aceitos. As igrejas pentecostais no início do século XX, que nunca foram adeptas ao estudo sistemático das Escrituras nem dos Catecismos e Credos, alegando que estes últimos eram apenas “idéias de homens”, enfraqueceram a doutrina e abriram suas portas às heresias. Junte-se a tudo isso ao fato de que ‘sacerdotisas’ foram chegando e, como eram líderes em suas religiões pagãs, procuram também “um lugar ao sol” em suas novas denominações... E acharam. Como informa o Rev. Alderi Souza de Matos, historiador da Igreja Presbiteriana do Brasil em seu artigo: “O MOVIMENTO PENTECOSTAL: REFLEXÕES A PROPÓSITO DO SEU PRIMEIRO CENTENÁRIO - FIDES REFORMATA XI”, Nº 2 (2006): 23-50.
Outra característica do movimento pentecostal nos seus primórdios foi a grande participação e visibilidade dada às mulheres. Dois exemplos notáveis são Maria Beulah Woodworth-Etter (1844-1924). [...] Tornou-se uma das evangelistas pentecostais mais conhecidas do início do século e o seu ministério possibilitou o surgimento posterior de outras mulheres pregadoras e ministradoras de curas. E, Aimee Semple McPherson (1890-1944), cuja contribuição mais importante e duradoura foi a criação da Igreja Internacional do Evangelho Quadrangular (1927), cujo nome aponta para Cristo como aquele que salva, cura, batiza com o Espírito Santo e virá outra vez.
A ordenação feminina também chegou às igrejas consideradas neo-ortodoxas como a Igreja Adventista do Sétimo Dia, cuja fundadora foi a profetisa Ellen G. White (1827-1915).
Textos bíblicos mal interpretados, usados como pretexto para o oficialato feminino:
1         Tm.3.11 – “diaconisas?”
Requisito das mulheres – v.11
a)      (auxiliares) Mulheres - dos diáconos
b)      Honradas;
c)       Não caluniadoras – os que caluniam imitam o maligno, cujo nome que as Escrituras dá é diábolos = CALUNIADOR.
d)      Temperantes
e)      Fiéis em tudo

Obviamente este versículo se refere às mulheres dos diáconos e não a diaconisas. Igualmente ao caso das prescrições de presbíteros, a família desempenhava um importante papel no ministério dos oficiais – a esposa devia agir como auxiliar idônea (que completa ou auxilia) o esposo em seu ministério. Daí elas (as esposas) também entrarem na lista de Paulo que estava falando sobre as prescrições do diaconato (masculino).

Encontramos ainda referências no N.T. de quatro filhas virgens de Filipe que profetizavam (At.21.9). Percebam que o texto não diz que elas eram profetas, mas que profetizavam. Repare também que apenas um versículo mais a frente fala sobre Agábo, sobre ele sim é dado o título de profeta - At.21.10. Da mesma maneira nos é dito em 1 Co.11.5 que: “Toda a mulher que ora ou profetiza coma cabeça sem véu, desonra a sua própria cabeça, porque é como se tivesse rapada”. Perceba que no versículo anterior (v.4) é dito algo parecido sobre o “homem que profetiza” cobrindo a cabeça. Estaria Paulo em 1 Co. 11.14 e 15 afirmando que ‘estes’ homem e mulher eram profetas, como o era Agábo em At. 21.10? Ou o verbo profetizar aqui significa profetizar genericamente, ou seja, simplesmente ‘aquele que fala em nome de Deus’? Sem falar que a palavra profecia no N.T está muito mais relacionada a um dom do que a o ofício de profeta, o que nesta época já era raro no N.T. O dom por sua vez, qualquer membro da igreja homem ou mulher poderia ter, se assim Deus os concedesse. Lembrando que o sacerdócio era uma função exclusiva para homens desde o A.T (Êx.28.1-2; Lv.21.4,21; Ml.2.7). O Rev. Augusto Nicodemus, famoso pastor e teólogo presbiteriano, acrescenta:
Nas instruções que deram às igrejas sobre presbíteros e diáconos, os apóstolos determinaram que eles deveriam ser marido de uma só mulher e deveriam governar bem a casa deles – obviamente eles tinham em mente homens cristãos (1 Tm 3.2,12; Tt 1.6) e não mulheres, ainda que capazes, piedosas e dedicadas, como você. E mesmo que reconhecessem o importante e crucial papel da mulher cristã no bom andamento das igrejas, não as colocaram na liderança das comunidades, proibido que elas ensinassem com a autoridade que era própria do homem (1 Tm 2.12), que participassem na inquirição dos profetas, o que poderia levar à aparência de que estavam exercendo autoridade sobre o homem (1Co 14.29-35). Eles também estabeleceram que o homem é o cabeça da mulher (1Co 11.3; Ef 5.23), uma analogia que claramente atribui ao homem o papel de liderança (Blog O Temporas, O More: Carta a Bispa Evônia)


CONCLUSÃO

Biblicamente, não há como defender o ministério ou a ordenação feminina, embora o trabalho das mulheres na Obra de Deus seja reconhecidamente importante em toda a Bíblia e, consequentemente, nas Igrejas Presbiterianas do Brasil. Como vimos, a não ser que se apele ao argumento puramente cultural e contemporâneo, como fazem os malfadados defensores da “ordenação feminina”, não há como prová-la e muito menos justificá-la.

Por: rev. Wellington Lucena

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